domingo, 13 de dezembro de 2009
Uma nova visão do universo
"Antes de Einstein, desde o início da ciência grega até à aurora do século XXI,o espaço e o tempo eram concebidos como sendo «absolutos», quer dizer, era suposto existirem independentemente da matéria e dos observadores. Pensava-se que o tempo se escoava uniformemente, não dependendo da percepção humana ou da medição do relógio, que o passado era passado, e o futuro estava ainda por vir, e isto para todos, em todo o Universo.O artigo de Einstein abala estas concepções seculares sobre o espaço e o tempo [...]. Einstein diz-nos que o tempo vivido por um observador depende do seu movimento. Um gémeo sedentário e um gémeo que viaja não terão a mesma idade quando se encontrarem, no fim do périplo do viajante. E aqui reside uma revolução conceptual profunda que não penetrou, ainda, na consciência do homem comum. Antes de Einstein, o tempo era concebido como uma pulsão cósmica única, extensiva a toda a realidade, que ritmava o devir universal, batendo ao segundo de forma perfeitamente regular e simultânea em todo o Universo. Einstein diz-nos que a noção secular de "passagem do tempo", tradicionalmente comparada ao correr de um rio, é uma ilusão. Na verdade, segundo a formula [matemática]que ele regista no fim do seu texto, num segundo da nossa existência podemos fazer um salto ao futuro e ver o que «será» a Terra, digamos, daqui a 60 milhões de anos. Esse pensamento vertiginoso (hoje corroborado por múltiplas experiências) não prova que o futuro, aparentemente longínquo e ainda não realizado, é tão real quanto o «real presente»?
Como resumiria Einstein no fim da sua vida: «Para nós, que temos alma de físicos, a separação entre o passado, o presente e o futuro não tem mais valor do que uma ilusão, por muito tenaz que ela seja».
Thibault Damour, Junho-Julho 2008
Os loucos anos vinte
No pós guerra, quando a população percebe que aquilo que concebemos durante a vida pode ser arrasado de um momento para o outro, a vontade de aproveitar o momento com toda a intensidade aparece. Começa a haver uma necessidade de diversão e de procura de distrações, começam os loucos anos vinte. A convivência entre os sexos torna-se mais livre e ousada, a prática desportiva entra nos hábitos quotidianos, toda a gente frequenta os clubes nocturnos, dança e diverte-se ao som do jazz. Dá-se assim uma crise com os valores tradicionais, uma vaga de contestação a todos os niveis abala a sociedade e como tal, a familia, a indissolubilidade do casamento, a moral sexual, o papel da mulher, os preceitos religiosos, as regras de conduta social deixaram de ter um padrão rigído e foram aberta e sistematicamente subvertidas.
Instalou-se assim, nos anos vinte, um clima de anomia isto é , de ausência de um conjunto de normas morais e sociais que, com clareza distinguissem o certo e o errado.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
A emancipação da mulher
O movimento feminista
Em 1850, as reivindicações centravam-se:
-no direito das mulheres casadas à propriedade dos seus bens, uma vez que nem lhes era reconhecida a liberdade de dispor do seu salário;
-no direito à tutela dos filhos, visto que em caso de viuvez o poder paternal era entregue a um parente masculino;
-no direito ao acesso à educação;
-no direito ao acesso a um trabalho socialmente valorizado.
As primeiras feministas lutaram por alterações jurídicas que terminassem com o estatuto de etrena menoridade que a sociedade burguesa oitocentista reservava à mulher.
Em 1900, as reinvindicações centravam-se:
-no direito de participação na vida política (direito ao voto);
Na Europa, destacavam-se as sufragistas britânicas lideradas pela célebre Emmeline Pankhurst. Indignadas som a oposição que se lhes deparava, as sufragistas inglesas procuraram atrair a atenção pública recorrendo a meios extremos que incluíam:
-longas e ruidosas marchas públicas;
-piquetes;
-apedrejamentos de polícias e montras;
-irrupções intempestivas no Parlamento;
-greves de fome.
Em Portugal fundou-se, em 1909, a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e, mais tarde, a Associação de Propaganda Feminista (1911), que perseguiram objectivos idênticos aos das suas congéneres europeias e contaram com a dedicação de mulheres prestigiadas como:
-Ana de Castro Osório;
-Carolina Beatriz Ângelo;
-Adelaide Cabete;
-Maria Veleda.
Com excepção de alguns países, as pretensões políticas feministas chocaram, até à Primeira Guerra Mundial, com uma forte oposição, sendo alvo da censura e do escárnio dos poderes políticos e da sociedade maioritariamente conservadora.
Mas as convulsões da guerra vieram alterar este estado de espírito. Com os homens nas trincheiras as mulheres viram-se libertas das suas tradicionais limitações como donas de casa, assumindo a autoridade do lar e o sustento da família.
Mulheres passam a assumir funções como:
-trabalhar nas fábricas de armamento;
-conduzir carrinhas e autocarros;
-fazer reparações eléctricas;
-carregar materiais pesados;
-realizar o trabalho masculino no campo;
-assegurar cuidados de enfermagem na frente de batalha pondo em risco a pópria vida;
Como reconheceu um comunicado do Ministério da Guerra Britânico, «as mulheres tinham-se revelado capazes de substituir o sexo forte em praticamente todas as tarefas».
Este esforço reforçou a autoconfiança feminina e granjeou-lhe a valorização social que até aí lhe faltava.
Nas décadas subsequentes ao final do conflito, em grande parte dos países ocidentais, as mulheres:
-adquiriram o direito de intervenção política;
-consolidaram a sua posição jurídica na família;
-viram aberto o acesso a carreiras profissionais prestigiadas.
Conclusão:
Embora a efectiva igualdade entre os dois sexos tenha demorado a concretizar-se e se depare, ainda hoje, com algumas resistências, o movimento feminista do início do século derrubou as principais barreiras e abriu à mulher uma nova etapa da sua vida.
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